O Uso das Palavras
Certa vez, uma jovem foi ter com um sábio para confessar seus pecados.
Ele já conhecia muito bem uma das suas falhas. Não que ela fosse má, mas
costumava falar dos amigos, dos conhecidos, deduzindo histórias sobre eles.
Essas histórias passavam de boca em boca e acabavam fazendo mal - sem
nenhum proveito para ninguém.
O Sábio a olhou e disse:
- Minha filha você age mal falando dos outros; tenho que lhe dar um dever.
Quero que vá comprar uma galinha no mercado e depois caminhar para
fora da cidade. Enquanto for andando, deverá arrancar as penas e ir
espalhando-as. Não pare até ter depenado completamente a ave. Quando
tiver feito isso, volte e me conte.
Ela pensou como os seus botões que era mesmo um dever muito singular!
Mas não objetou. Comprou a galinha, saiu da caminhando e arrancando
as penas, como ele dissera. Depois voltou e contou ao sábio.
- Minha filha - disse o sábio - você completou a primeira parte do dever.
Agora vem o resto.
- Sim senhor, o que é?
- Você deve voltar pelo mesmo caminho e catar todas as penas.
- Mas senhor é impossível! A esta hora o vento já as espalhou por todas
as direções. Posso até conseguir algumas, mas não todas!
- É verdade, minha filha. E não é isso mesmo que acontece com as palavras
tolas que você deixa sair? Não é verdade que você inventa histórias que vão
sendo espalhadas por aí, de boca em boca, até ficarem fora do seu alcance?
Será que você conseguiria seguí-las e cancela-las se desejasse?
- Não, senhor.
- Então, minha filha, quando você sentir vontade de dizer coisas indelicadas
sobre seus amigos, feche os lábios. Não espalhe essas penas, pequenas e
maldosas, pelo seu caminho. Elas ferem, magoam, e te afastam do principal
objetivo da vida que é ter amigos e ser feliz! Pense nisso e use apenas
lindas palavras...